domingo, 5 de janeiro de 2020

B3: Precisamos de uma nova bolsa de valores

                    Precisamos de concorrência.
                    O crescimento do descontentamento dos investidores com os rumos da bolsa brasileira atingiram seu ápice nesta semana com a divulgação pela B3, da novas políticas de tarifação no mercado a vísta da bolsa, atingindo grandes e pequenos investidores.


                    Antes desta última cagada decisão da B3, a última rusga com o mercado foi a realização do IPO da XP Investimentos na bolsa americana Nasdaq, que só demonstra como está desgastada a relação não só da XP com a B3, como a imagem da B3 perante os investidores também não já não é mais a mesma de antigamente.


                    A punição da XP pela B3 com aplicação de multa, acredito ter sido  o motivo que faltava para Guilherme Benchimol (foto), CEO da XP, decidisse fazer o IPO fora do país. Isto acabou sendo uma retaliação velada a B3. Segundo a imprensa, a XP acabou justificando o IPO no exterior de forma a buscar um mercado maior, capaz de precificar ainda mais o valor da XP e atingir mais investidores qualificados. Fato é que o mercado brasileiro se ressente da companhia de ter feito seu IPO lá fora e não aqui e atribue parte desta culpa a B3 que não criou condições para que isto IPO fosse o de maior sucesso por aqui como tudo indicava que iria ser.
                    Eu meses atrás era um dos que sonhava em participar do IPO da XP na B3. Seria meu primeiro, pois anteriores não me despertaram o desejo, mas o da XP sim, confio e acredito em todo o trabalho que realizaram aqui para o investidor do varejo.
                    Então nesta semana com a criação de novas taxas pela B3, a XP volta ao protagonismo onde surgem boatos de que ela poderia estar se associando a outros players de mercado para finalmente trazer a vida uma nova bolsa de valores. Tecnologia ela tem. Dinheiro também. Competência idem. Um ótimo CEO, visionário e com gana também. O que mais poderia faltar ? Não me admiraria se a XP além de se tornar banco, paralelamente se preparar para ser uma concorrente da bolsa, usando parte da infra-estrutura da B3 e pagando por isso e num segundo momento sendo autônoma da mesma.
                      A B3 se formou a partir da junção da antiga Bovespa e a Cetip. O CADE, orgão do governo responsável por avaliar aquisições, imputou a nova companhia a obrigação de ter que abrir seus sistemas para outras empresas que quisessem fazer o mesmo que ela faz em alguns setores.
                      No meio deste rolo está a ATS que a há anos briga para poder lançar sua bolsa de valores. Se você olhar o site da companhia, vai ver um histórico da novela até aqui para poder conseguir a colaboração da B3 (ainda que a força!), para que ela comece mesmo que timidamente a operar no país.
                      Novo capítulo desta novela foi o motivo da cotação das ações da B3 na semana passada caírem. Mercado sentiu como nunca a possibilidade real de finalmente a B3 ter competição, o que impactaria a receita da companhia, forçando a redução de tarifas.
                      Vez ou outra ouço algumas pessoas dizendo que o mercado brasileiro é pequeno e não comportaria uma segunda bolsa. Discordo. Acredito que o cenário atual é muito mais propício em todos os sentidos para termos uma segunda bolsa. Temos mais regulação hoje do que na década de 80 quando tínhamos a Bolsa do Rio de Janeiro e a de São Paulo e certas operações, careciam de supervisão, culminando na quebra da bolsa do Rio de Janeiro pelo investidor Naji Nahas, por exemplo.
                       Hoje temos mais tecnologia, um mercado mais maduro, temos mais investidores, temos todo um cenário que colabora para que mais empresas venham para a Bolsa e todos ganhem. As empresas, os investidores, e o país. Uma bolsa de valores forte demonstra a solidez de um país pois ele representa a riqueza gerada pelas empresas que são expoentes no país, através dos bens e serviços que estas empresas oferecem.
                       Ah mas se abrir uma nova bolsa, vai ter mais custo pois vai precisar de mais supervisão. Sim, vai. Vai precisar das empresas desenvolverem novos sistemas. Vai. Isto também vai gerar novas empresas, empregos, receitas, impostos. Prefiro um mercado mais supervisionado, do que um onde vez ou outra sentimentos que pode estar havendo manipulação de mercado mas como pessoas físicas simplesmente não conseguimos provar, seja por não termos o ferramental para comprovar as fraudes, seja por não sermos valorizados em nossas opniões, seja pela falta de capacidade do regulador de mercado eu conseguir analisar todas as demandas que lhe aparecem para análise.
                       Eu torço para que o fim do monopólio da B3 esteja próximo. Concorrência em todos os setores da economia é necessário para o desenvolvimento, sem concorrência, o desenvolvimento é moroso, a diversidade de produtos inexiste, não há motivos para se melhorar pois não há concorrência,etc. Não há estímulo para mudança, para melhoria. Que venha a nova Bolsa, enquanto isso...



                  Bons investimentos !

                  Lambida do Poney !

12 comentários:

  1. Enquanto isso vou surfando no monopólio da B3 sendo sócio.

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    1. Assim como os bancos, ela sabe dançar conforme vem novos entrantes. Continuará lucrando...

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  2. Meu irmão, aqui é o Brasil, podem existir quantas bolsas quiser, o pequeno investidor sempre irá tomar no cu.

    Entenda, aqui não existe capitalismo ou liberalismo, apenas um socialismo fabiano travestido de livre mercado, o grande professor José Monir Nasser sempre alertou sobre isso:

    https://www.youtube.com/watch?v=SAv8SQRMg44

    https://www.youtube.com/watch?v=CzdhaZJ6lEg

    https://www.youtube.com/watch?v=JwfXHSkXoWE

    https://www.youtube.com/watch?v=572M-MarDss

    Aqui no Brasil quando algo parece dar lucro, o governo ao invés de ajudar facilitando as coisas para gerar mais riqueza, sempre irá criar mais impostos e burocracias absurdas pra fuder ainda mais e evitar que os cidadãos saiam da miséria.

    Não só o governo, os setores que têm o "monopólio" de determinadas situações também fazem o mesmo.

    Ou seja, como a renda variável se tornou atraente, a B3 resolveu "atualizar" as cobranças para "ajudar" os novos investidores, sem contar a proposta do atual ministro da economia de criar mais um imposto que não é imposto, mas parece imposto sobre os dividendos, assim como um imposto que não é imposto que se parece com o extinto imposto denominado "CPMF".

    "Mas veja bem, o governo não está criando novos impostos, apenas está buscando alternativas para melhorar a vida dos cidadãos, visto que as contribuições gentilmente impostas aos cidadãos servem para alavancar a combalida economia do país, portanto, a coletividade deve contribuir, afinal, que tipo de cidadão que não quer contribuir para a sociedade em que vive? Onde já se viu um cidadão que não quer contribuir com seus impostos?
    O Estado já garante tantos serviços básicos "gratuitos", sem a cobrança de tarifas, o mínimo que o cidadão comum deve fazer é ceder gentil e coercitivamente parte dos seus vultuosos lucros para a manutenção do sistema de bem estar social."

    Entenda, essa proposta de competição de mercado é válida em locais que tanto o governo quanto os cidadãos valorizam a riqueza de uma forma positiva, por aqui, enquanto a visão do dinheiro for negativa, vide que ser rico que não gasta é algo ruim, pois onde já se viu ser um sovina que não abre a mão nem pra dar tchau? E enquanto o governo ver os cidadãos apenas como mais um número para o pagamento de impostos, não vai dar certo.

    É muito mais provável a economia Argentina decolar, mesmo com as medidas tomadas serem altamente criticáveis pelos "especialistas" de plantão, do que o Brasil se tornar lago sério.

    Anon que quis postar as reflexões de segunda.

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    1. Obrigado anon pela reflexão.
      Você tem razão no ponto que fala que o governo atrapalha o cidão, mas e a solução para isto, temos ou entregamos os pontos ?
      Sabe, eu sei que você colocou uma realidade que é a que vivemos, mas se formos entregar os pontos, que futuro teremos sem esperança de dias melhores ?

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    2. O problema da maioria dos brasileiros é o fato de que o sucesso não é visto com bons olhos, por exemplo, dois funcionários ganham mil reais, passado algum tempo, um deles começa a ganhar mil e um reais, o outro ao invés de tentar melhorar resolve fuder o outro por causa de um real, o que culmina com a demissão do cara que começou a ganhar mil e um reais, mas com a demissão, existem perdas a nível de produtividade, verbas rescisórias, etc., o empregador tem que contratar um outro funcionário, entretanto, o novo funcionário será contratado por novecentos reais, enquanto o funcionário que ocasionou tudo isso continuará ganhando mil reais e estará todo felizão por não ter alguém ganhando mais que ele.

      O governo faz a mesma coisa com os cidadãos, quando determinado setor começa a ser rentável o governo ao invés de ficar feliz e melhorar a prosperidade dos outros setores, resolve dizer como posso tributar esse setor rentável, mas ao tributar o setor rentável ocasiona grandes danos e acaba prejudicando o setor que acabou de despontar, fazendo com que as pessoas não queiram mais participar desse setor, gerando um efeito cascata nos outros setores, pois os lucros do setor próspero não serão utilizados na sociedade, pois o governo teve a brilhante ideia de tributar tudo, mantendo a estagnação por conta de uma mentalidade simplória.

      O que eu quero dizer com os dois exemplos citados? Que a maioria da população (pessoas comuns, pessoas do governo e outros), devem aprender a conviver com a prosperidade alheia e ver que isso é bom, pois beneficia a todos e que o governo não deve ser responsável por combater as denominadas "injustiças" mediante políticas "distributivas", o governo não deve ser visto como algo superior do ponto metafísico que irá resolver todos os problemas do mundo.

      A nossa luta deve ser algo racional, entender que atualmente a nossa sociedade é dominada por pensamentos que visam fuder o seu semelhante, mas que isso precisa mudar, os argumentos deveriam ser do tipo, tudo bem vocês querem nos tributar, pois bem, em contrapartida nós queremos a extinção de determinados auxílios para os setores políticos, como reembolso de viagens, moradia, paletó, etc., a participação popular deve ser no sentido de oferecer um contra peso, se os cidadãos vão perder benefícios tributário, que os setores políticos também percam os seus benefícios, pois também são cidadãos comuns, querendo ou não os políticos apesar de terem que comparecer as votações em Brasília, podem ter os seus respectivos empregos na medida do possível, de certa forma eles possuem uma boa remuneração e não precisam de tantos auxílios.

      A maioria dos cidadãos tem que entender que se um setor perde, a coletividade inteira perde e não se pode deixar que um setor se sobressaia para manter os seus privilégios e seja vista quase como divina, pois com o aumento das diferença dos iguais que querem ser desiguais, a perda da racionalidade e a bestialização, e, por consequência a perda de território é inevitável.

      Quanto a esperança, creio que ela deva ser vista de uma forma ativa e não passiva, compreendo que de certa forma o seu questionamento de não entregarmos os pontos para termos um futuro melhor seja um pouco ativa, mas eu penso que não devemos deixar de ser o país da esperança (passiva) de um futuro melhor, para uma sociedade da realização/agir (esperança ativa).

      Se o bairro precisa de asfalto, se precisa de ponte, construção de creche, etc. a população pode se unir e construir e depois cobrar do poder público o abatimento, se possível, dos tributos, a população tem que entender que a sua atitude perante do governo não deve ser só passiva, abaixar a cabeça e pagar os seus imposto, devemos cobrar os respectivos abatimentos.

      Anon que quis postar as reflexões de terça.

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    3. Anon vc é muito eloquente com as palavras !

      E está certo nos seus pontos tb. Onde puder, o governo vai lá e taxa !

      Abs

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    4. Obrigado pelo elogio, e pensar que eu fui reprovado numa disciplina do mestrado justamente pelo critério subjetivo do professor de falta eloquência, essa foi a resposta do coordenador do mestrado quando fui questionar o fato, no fundo eu sei que ele me reprovou pois eu o corrigi em sala referente a um apontamento sobre determinado autor, eu disse que o professor estava enganado e levei o livro pra mostrar que ele estava errado, enfim, aprendi da pior forma que uma coisa é o professor doutor, outra é o aluno mestrando, depois do episódio optei por deixar o mestrado de lado e ir produzir outras coisas, todos me taxaram de maluco, mas foi a melhor decisão à época, hoje seria muito mais incisivo com as críticas e o embate, mas já se passaram alguns anos e é fácil falar isso com a experiência, a minha vida melhorou muito, vejo que muitos colegas que optaram por baixar a cabeça e aceitar as "regras" acadêmicas se tornaram frustrados ou desenvolveram problemas referentes a saúde mental.

      Quanto ao governo, espero que entendam que não adiantam taxar cada vez mais, pois vai chegar um dia e não poderão mais tributar, uma vez que não existirá mais o que taxar, tudo já estará tributado, ou cobrarão tributo sobre tributo, ou não terá ninguém vivendo neste local, espere que pensem a longo prazo e que a riqueza da nação não está somente na capacidade contributiva, existem outros fatores que auxiliam no crescimento e desenvolvimento sem extremismos da teoria política e da teoria economica.

      Abraço.

      Anon que quis postar na sexta.

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  3. O texto foi ótimo! Li do início ao fim sem me entediar. Parabéns!

    El Rei (com preguiça de logar)

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    1. Espanta a preguiça homi e loga, só assim terei certeza que o elogio partiu de vossa realeza comedor de travecxs.

      Abs

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  4. "B3: Precisamos de uma nova bolsa de valores"

    Ledo engano.
    Vai ter taxa sim.
    Vai ter tributação sim.
    Vai ter monopólio sim.
    Aceita que dói menos.

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    1. Lógico que vou aceitar, para eu ganhar dinheiro, eu vou ter que dar dinheiro, não tem gente. Melhor deixar morder e ter lucro, do que não ter lucro nenhum para que mordam !

      Abs

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  5. B3 é boa para os acionistas, ruim para os investidores hehe.
    Essa imagem final foi certeira! Abraços

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